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Elas pela periferia

Projeto Perifa Delas motiva moradoras da Vila Pantanal, trabalhando noções de arte, cidadania e pertencimento.

Numa tarde ensolarada de sexta-feira, o sol aquece o encontro das participantes do Perifa Delas na Sociedade de Melhoramentos da Vila Pantanal.  Vasos, mudas, terra e muita animação tomam conta do ambiente. Uma a uma, as participantes começam a chegar, algumas trazendo os filhos pequenos a tiracolo.

Érica Stange, responsável pela oficina de artesanato, se apressa em arrumar a mesa onde as produções serão feitas.  Ela começa ensinando as melhores técnicas para o cultivo da espada de São Jorge, mostrando que na água, os brotos se multiplicam com mais rapidez. “Com uma muda em mãos, é só pegar um vaso, cortar um pano de uma camisa de algodão ou areia de construção e acomodar no fundo do vaso. Depois, é só colocar algumas pedrinhas, acrescentar um pouco de  terra e, por fim, plantar a muda”, detalha a educadora. As primeiras peças de artesanato produzidas pelo grupo foram vendidas a  baixo custo em um bazar beneficente promovido no Centro de Convenções da Blue Med, na Ponta da Praia.

Idealizado e desenvolvido pela jornalista Fernanda Vicente, com o apoio de Júlia Bertollini, na coordenação pedagógica, o projeto Perifa Delas vem ajudando várias chefes de família a exercitar seu papel na sociedade, por meio de atividades socioeducativas que estimulam a criatividade e convivência em grupo. A iniciativa foi contemplada com recursos do Proac (Programa de Ação Cultural) do governo do Estado.  Em 2021, Fernanda já havia realizado um projeto semelhante no território, denominado “Elas por elas”, quando teve a oportunidade de se aproximar das lideranças e mulheres que vivem na Vila.

O Perifa Delas atende atualmente de 15 a 25 mulheres por semana e todas recebem cestas básicas pela inscrição no projeto. A cada encontro, as moradoras vivem um aprendizado diferente, tendo aulas de jardinagem, dança, contação de histórias e artesanato. Há ainda aulas de fotografia, ministradas por Anak Albuquerque, e de grafite, sob a orientação da artista urbana Aline Benedito, conhecida como Fixxa. Tanto a oficina de fotografia como a de grafite procuram ampliar o olhar das mulheres sobre si mesmas e sobre o território em que vivem, de maneira a trazer autoconhecimento, empoderamento e senso de pertencimento.

Marinalva Anunciação, diretora da sociedade de melhoramentos, se faz presente nos encontros semanais do Perifa Delas.

Osmarina Moreira esse projeto é muito bom para comunidade, gostei de todas as oficinas.

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“A periferia é muito rica e não é lugar de escassez e violência

Fernanda Vicente, jornalista

Objetivo do projeto

O principal objetivo do projeto é trazer a mulher para o jornalismo cotidiano. O jornalismo comunitario será distribuido no pantanal.

Não é demorado ,fazer o jornal impresso, assim que a materia fica pronta,mando  para gráfica. O jornal passa pelas etapas, como fazer um lead,construir um título e escrever as matérias.

 

" Precisamos desconstruir os estereótipos relacionados à periferia, mostrando que a “quebrada” não é só lugar com escassez de infraestrutura", diz a jornalista Fernanda Vicente, responsável pela iniciativa.

Segundo ela, as mulheres que participam do Perifa Delas estão indo muito bem na elaboração de pautas e matérias.

Para as
crianças

Também é parte do Perifa Delas, o Cine da Vila, que acontece no último sábado de cada mês, com programação infantil e distribuição gratuita de pipoca e algodão doce.

Outra iniciativa é a arrecadação de livros que ficam à disposição dos entrevistados na sociedade de melhoramentos para estimular o hábito de leitura.

O Perifa Delas está apenas começando e a comunicação é uma das estratégias adotadas para envolver os habitantes da Vila. Desde o início, as atividades do projeto são divulgadas pelo Instagram e mais recentemente foi lançado um site (www.perifadelas.com). Agora, o objetivo é a produção de um jornal impresso, a ser distribuído na comunidade, com lançamento previsto para ainda este ano.  A equipe está sendo preparada para produzir o jornal nos limites do bairro, onde a imprensa só chega na época de enchentes, tráfico de drogas e violência.

“A periferia é muito rica e não é lugar de escassez e violência”, afirma Fernanda.

A proposta do jornal comunitário é a de ampliar as histórias do território, sob o olhar das mulheres que vivem o cotidiano do local. " Além de denunciar o descaso e a omissão do Poder Público no que diz respeito a direitos como saneamento básico, coleta de lixo, habitação regular, acesso à saúde e educação de base, precisamos desconstruir os estereótipos relacionados à periferia, mostrando que a “quebrada” não é só lugar com escassez de infraestrutura”, explica a jornalista.

As principais pautas que a publicação irá abordar são o empreendedorismo feminino, os dez anos da PEC das Domésticas, o descarte irregular de lixo, o esgoto à céu aberto e os direitos das mulheres no SUS, assuntos discutidos intensamente com as mulheres que participam da atividade, majoritariamente negras e historicamente silenciadas.

Uma delas é Osmarina Moreira, que se entusiasma com a perspectiva de geração de renda para as participantes das oficinas. “O projeto pode nos ajudar muito nesse sentido. Aprendi a fazer tapetes, apoios para portas, bonecas de crochê e mandalas para decoração, tudo com material reciclável”. Outra moradora que tem gostado muito da iniciativa é Marinalva Anunciação, que também faz parte da diretoria da sociedade de bairro. Ela é uma das primeiras a chegar e é quem abre as portas da sede e controla a presença das demais. 

A fundadora e presidente da sociedade do bairro, Ana Bernarda dos Santos,  mora há mais de 30 anos na Vila Pantanal e foi a incentivadora do projeto. Ela considera que essa atividade é mais uma forma de reunir e organizar a comunidade para conquistar melhorias para o núcleo, como uma UBS, uma creche comunitária e uma vila criativa. “Entendemos que, para essa população que vive em exclusão social, não basta ter apenas habitação. A saúde, educação, cultura e lazer são fundamentais”.

Conheça Vila Pantanal em fotos

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Michele Yamakawa Figueiredo
Editora Chefe

Andressa Rosario
Vìdeo e Texto

Rodrigo Andrade
Texto

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