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A odisseia de
um dia na praia

Para alguns pode ser apenas mais um dia e

para outros pode ser o melhor dia da sua vida

O despertador toca pontualmente às cinco horas da manhã, em Cubatão (SP). Ainda um pouco sonolento, Pedro pega o celular e digita: “Bom dia pessoal, partiu praia hein?!”. Levanta, toma um banho rapidinho, confere a mochila, separa protetor solar, toalha, mudas de roupa, óculos de sol, boné e novamente manda mensagem no grupo: “Tô indo pro ponto, o busão passa lá às 6h30. Não atrasem”.

 

Minutos depois, lá está Pedro no lugar combinado. Animados, com o cooler cheio, e bagagem da praia em mãos eles vão em busca de diversão. 6h30 e nada do ônibus. Papo vai, papo vem, passam-se mais dez minutos. Já impacientes, até cogitam pedir um carro de aplicativo, mas a viagem ficaria cara demais, até que por volta das 7h05 vem o tal do 918. O grupo dá o sinal e enfim consegue embarcar, quase 40 minutos depois do horário previsto.

 

Por sorte, tem pouca gente no ônibus, então os jovens conseguem se acomodar no fundo do coletivo. Mas à medida que o veículo avança, mais pessoas entram e fica difícil se organizar lá dentro. Em dado momento, Pedro e seus quatro amigos se colocam ao redor do cooler, no espaço reservado aos cadeirantes. Cerca de 40 minutos depois chegam em  Santos. Às 7h50 o grupo desce no ponto da avenida Afonso Pena com a avenida Conselheiro Nébias. Local mais próximo da praia que o ônibus, que passa na casa de nosso personagem, chega.

 

Os intrépidos aventureiros caminham pela avenida, com o cooler e as malas por mais 20 minutos. E durante esse trajeto, o grupo conversa sobre a chatice de fazer essa viagem toda vez que querem ir à praia. Em certo momento, chegam até questionar se vale pena tanto esforço.

A resposta, viria logo adiante. Na caminhada eles avistam um dos prédios da Universidade Santa Cecília, onde Pedro estuda, e brincam “Aí Pedrão, já aproveita e fica aí para tua aula”, diz um dos amigos. E a resposta vem à queima-roupa: “Mano, não quero nem saber de faculdade hoje, só quero chegar na praia logo”.

 

Mais adiante, começam a ter o vislumbre do mar, e a comemoração tem início. “Agora falta pouco”, exclama um dos amigos. O sol brilhando, o cheiro e a brisa do mar animamos rapazes. Então, depois de uma longa viagem de ônibus, mais a caminhada, finalmente chegam na praia.

 

O dia está lindo, o mar azul reflete a luz do sol. Os meninos procuram um lugar para desfazer as malas e aproveitar o dia.

Quase 8 horas da manhã e a praia já está lotada. “Vamos ficar por aqui mesmo, perto da gibiteca”. E lá se acomodam, quase duas horas depois de terem saído de casa, para aproveitar o restante do dia na praia do Boqueirão, entre os canais 3 e 4. O local foi escolhido pelo grupo por causa da proximidade com o ponto em que eles desceram.

 

Poderiam ter escolhido as areias de Praia Grande ou de São Vicente, um pouco mais próximas, mas, para eles, a praia de Santos oferece mais atrativos, como os jardins e os quiosques da orla. 

 

A odisseia enfrentada pelo estudante de Direito, Pedro Jordão, 19 anos, é semelhante à de muitas pessoas que moram longe da praia. A região metropolitana da Baixada Santista conta com nove cidades: Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e São Vicente, mas só Cubatão não é banhado pelo Atlântico. Seus moradores, se quiserem desfrutar de um domingão de sol à beira-mar precisam se submeter a longos e desgastantes deslocamentos.

Deslocamentos Municipais

Segundo dados das nove cidades que compõem a região Metropolitana da Baixada Santista, Santos é a cidade com maior valor na passagem do ônibus municipal, R$5,25. Enquanto Mongaguá é a que apresenta menor valor para deslocamento interno, R$2,50. Destaque para Bertioga, Guarujá e Cubatão que cobram o mesmo valor (R$5,00) para deslocamentos dentro dos seus limites.

Deslocamentos Intermunicipais

Cubatão é única cidade da região que não tem praia, sendo assim, seus habitantes quando desejam tomar um banho de mar, necessitam pegar ônibus intermunicipal, no entanto, a EMTU (Empresa Metropolitana de Transporte Urbano) disponibiliza linhas para apenas 4 cidades (Guarujá, Praia Grande, Santos e São Vicente), sendo a mais barata Santos (R$4,90) e Guarujá a mais cara (R$9,00). Para as demais cidades, a única alternativa é o transporte rodoviário

"Meu escritório é na 
praia, eu tô sempre na área..."

Jordão mora no bairro do Jardim Casqueiro a 13,9 quilômetros da praia do Boqueirão, onde a turma monta acampamento, e por gostar muito de praia, encara com bom humor o desafio de chacoalhar dentro do busão equilibrando o cooler entre os pés.

 

Mas para curtir o dia de lazer é obrigado a se organizar com muita antecedência. “Não levamos cadeiras por conta do espaço do ônibus, levamos o necessário só. Ainda assim, a gente carrega o cooler e uma mochila com coisas para comer e roupas”, diz o estudante.

 

Mas o que seria o necessário para um dia na praia? Simples, o cooler carrega água, cerveja, refrigerantes, vodca e energéticos. O grupo também leva sanduíches feitos em casa, alternando com as comidas adquiridas de ambulantes ou dos quiosques, como porção de pastéis, camarão, milho, água de coco, sorvetes e açaí.

 

Pelo fato de virem de longe, não costumam trazer cadeiras e guarda-sol, preferindo alugar esses apetrechos. Em alguns casos, eles preferem ficar sentados na areia, só aproveitando o dia.

 

O grupo costuma trazer também peças de roupa extras, para estarem limpos na volta para casa.

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PRAIA DE SANTOS
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GALERIA

POR OUTRO LADO

 

Se para a trupe do Jardim Casqueiro ir à praia é um exercício de paciência, para Maria Eduarda Leite (20), estudante de Odontologia e moradora de Santos, é apenas uma questão de duas ou três quadras de vias tranquilas e arborizadas. Por estar muito mais próxima da praia, a rotina da estudante faz da faixa de areia um espaço que mistura convivência, lazer e quadra de esportes e por isso mesmo é usado com frequência quase diária.

 

A primeira atividade do dia é a corrida, em geral de cerca de 2 quilômetros entre os canais 4 e 5. “É bem rapidinho, o caminho é supertranquilo, a rua é bem movimentada e sempre vou sozinha mesmo”.

 

Já o estudante de Engenharia Elétrica, João Pedro Souza Amorim, morador do Itararé, em São Vicente, a apenas uma quadra da praia, também não tem a menor dificuldade de se deliciar nas ondas do mar. Ele gosta de surfar ou simplesmente tomar sol e bater papo com os amigos. “Vou bem de manhãzinha ou no final da tarde, porque não posso pegar o sol do meio-dia. Também aprecio comer uma porção de camarão nos quiosques”, diz.

 

Os relatos mostram como uma simples ida à praia pode ser muito diferente dependendo do lugar onde você mora. Para uns envolve toda uma preparação e planejamento, já para outros, apenas basta ter a vontade de ir.

Ágata Vasconcelos, estudante de Jornalismo que mora no Morrinhos, em Guarujá, precisa de pelo menos 40 minutos para chegar à praia mais próxima. “O ônibus que sai do Morrinhos, entra no bairro ao lado e é muita lentidão. Ele sobe e desce uma rua enorme, então o caminho todo você fica meio tonto. Tem muita gente e dá aquela preguicinha básica né?”, comenta.

 

O ônibus passa por uma avenida que é uma alternativa para quem desce de São Paulo, então quando os turistas vêm para o litoral, passam pela entrada do Morrinhos e fecham a entrada do bairro. Com isso, ela acaba pegando o mesmo trânsito que os turistas para ter acesso à cidade. Portanto, são 10, 20 minutos com o trânsito parado no mesmo trecho. Às vezes, fica 1h30 dentro do ônibus só para ir da sua casa até a do namorado, que mora em frente à praia.

 

Ágata costuma pegar o 90 (Morrinhos – Perequê) para ir até a praia de Enseada, mais precisamente, em frente ao Casa Grande Hotel, onde gosta de tomar banhos de sol e mar. O ônibus passa por duas comunidades, Morrinhos e a Vila Edna. Dependendo do horário, é um caminho perigoso, pois tem ruas estreitas e o coletivo está sujeito a assaltos a qualquer momento. São somente essas opções. Então, se quiser ir para a praia, ela tem de passar por esses lugares e ainda passar no Cachoeira ou Vila Júlia.

 

Apesar das dificuldades de alguns em levar um cooler cheio em um ônibus intermunicipal por 40 minutos, e carregá-lo por pelo menos cinco quarteirões até a praia ou encarar o trânsito junto com turistas por horas, não diminui a vontade e o prazer que se tem de estar na praia com os amigos ou família. Seja morando perto ou longe, a praia segue sendo o lazer mais democrático de todos, pois como já dizia a música da banda Charlie Brown Jr., “Meu escritório é na praia e eu estou sempre na área”.

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ÁGATA
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PEDRO
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PEDRO
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MARIA
EDUARDA

Autores

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Guilherme Toreli
Editor

Guilherme Esron
Repórter

Guilherme Coral
Redator

Ronaldo Taralo Jr.
Editor Chefe

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