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Vírus assassinos, zumbis e pragas apocalípticas invadem as dicas literárias de André Rittes

Atualizado: 30 de abr. de 2020

Em tempos de pandemia, o professor , escritor e devorador de livros lembra enredos inquietantes, que convidam a refletir sobre a nossa finitude


A quarentena é uma boa desculpa para colocar a leitura em dia, por isso, seguindo a linha de obras apocalípticas, elenco algumas pouco conhecidas, mas interessantes. Começo pelo despretensioso “A menina que tinha dons”, de M. R. Carey. O livro conta a história de Melanie, uma menina que está presa numa instalação do governo que, aparentemente, faz experiências com crianças infectadas com um vírus que está abalando o mundo. Talvez, as crianças sejam a única esperança de uma cura.


Uma mistura de X-men (Carey é também autor de HQs de super-heróis e escreveu alguns números da equipe mutante mais famosa da Marvel) com The Walking Dead, o livro é um até a metade e outro completamente diferente depois. Pode não agradar a todos, mas é uma boa história para quem gosta de ficção científica e terror.



Outra dica é o diferente “A noite devorou o mundo”, de Pit Agarmen (pseudônimo do autor francês Martin Page, autor do famoso “Como me tornei estúpido”). Os zumbis dominaram o mundo e as pessoas estão presas em seus apartamentos. Não é um livro de terror e sim uma obra sobre a solidão da sociedade de consumo. Podemos dizer que é um livro de zumbis para quem não gosta de zumbis. Bem diferente.


A famosa autora de “Frankenstein”, Mary Shelley, tem um outro livro muito menos famoso chamado “O último homem”, onde ela imagina uma doença que extermina toda a humanidade até restar apenas um homem, o narrador da história. Criticado por ser um livro enfadonho, a obra, no entanto, merece uma leitura atenta e paciente. Primeiro por ser uma obra seminal na linha de livros apocalípticos e, depois, por ser de Mary Shelley, uma escritora conhecida por uma única obra e que, por incrível que pareça, ainda disputa o seu lugar entre os grandes nomes da literatura mundial.


A minha última dica é uma obra muito conhecida, mas pouco lida: “Eu sou a lenda”, de Richard Matheson. Conta a história de Robert Neville que, a exemplo da obra de Mary Shelley, pode ser o último homem da Terra. Obra lendária para a ficção científica e que já inspirou várias adaptações cinematográficas como “Mortos que matam (1964)”, “A última esperança da Terra (1971)” e o homônimo “Eu sou a lenda (2008)”. O problema é que nenhuma destas é fiel ao livro e, justamente por isso, vale a pena conhecer um dos mais criativos escritores norte-americanos de todos os tempos, que influenciou gente como Stephen King e George Romero, em seu melhor momento. O livro é bem superior a todos os filmes citados.


Livros de ficção que brincam com a ideia de pandemias, epidemias e pragas apocalípticas são sempre interessantes e nos lembram da nossa finitude, mas também da imensa capacidade criativa que possuímos e de como a literatura pode imortalizar ideias, cenários e personagens. Boa leitura”


 

Por André Rittes

Jornalista e Professor da Unisanta



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