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A família Arrabal e as 20 mil abelhas

Casal de apicultores vê o lucro do negócio decolar em meio à pandemia.

Édson Capitão, Guilherme Coutinho, Henrique Miguel e Jefferson Santos

Em um sítio com 12 mil metros quadrados de área verde, onde convivem cerca de 20 mil abelhas, um casal sela seus 30 anos de união desenvolvendo a apicultura como forma de subsistência. 


O zumbido ininterrupto das abelhas faz parte do cotidiano da família Arrabal. Rita, de 55 anos, foi jornalista e professora de artes, e Paulo, de 57, autônomo. Eles são os responsáveis pelo sítio "Mel e Cacau Vale das Águas", situado no bairro Agenor de Campos, em Mongaguá. O que começou apenas como um hobby para Rita tornou-se o meio de sustento dos dois.


De origem pré-histórica, a prática da apicultura consiste na produção comercial de abelhas e possui registros bíblicos, além de relatos no Egito Antigo, Mesopotâmia e Grécia. O mel é um alimento muito apreciado na gastronomia e procurado por suas propriedades medicinais. Cada espécie de abelha produz um mel com características próprias, e com sabores, cores, acidez marcantes e textura diferenciadas.

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O casal Arrabal possui atualmente um polo cultural, turístico e empreendedor, ao produzir e vender mel e cacau, além de oferecer visitação, consultoria e locação de espaço. 

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Em 2019, assumiram de vez o negócio, e no ano passado, mesmo em meio à pandemia de Covid-19, as vendas cresceram 80%.

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Divulgação/Mel e Cacau - Vale das Águas
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Rita cuida da parte da produção final e divulgação. Paulo se concentra no cuidado com a criação das abelhas na maior parte do tempo

CONSTRUÇÃO FAMILIAR

 

O casal se conheceu nos anos 1990 em Santo André, na região do ABC, em uma noite de festa. 

"Eu fazia jornalismo quando o conheci. Tinha sido convidada para trabalhar no interior, perto da minha família, mas precisava fazer uma opção e preferi ficar com o Paulo. Abri mão da profissão praticamente"

Rita Arrabal

Após a decisão, os Arrabal partiram para a Baixada Santista, onde tiveram dois filhos. O mais novo estuda para ser piloto de avião. A mais velha é modelo e apenas aguarda o término da pandemia para regressar à China, se juntar ao seu namorado albanês e dar continuidade ao trabalho nas passarelas.


"Infelizmente nenhum quis seguir a carreira dos pais. Minha filha até gosta, porém, o mais novo tem pavor de abelhas. Nós não vamos insistir, estamos orgulhosos mesmo assim, claro" comenta o marido, rindo.


O curioso é que Paulo já foi alérgico às picadas. “Acho lindo as abelhas, o favo de mel, tudo, mas quase morri após tomar uma picada".


A tradição apicultora está presente na família de Rita há gerações. Paulo encantou-se ao conhecer aquela nova realidade em sua vida e não podia se dar por vencido. Resolveu fazer cursos e se aprofundou no conhecimento sobre o cultivo de abelhas sem ferrões.

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De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) há mais de 200 espécies de abelhas sem ferrões no Brasil. Hoje em dia, o casal possui cerca de 50 caixas espalhadas no sítio, com abelhas europeias e africanas, com ferrões ou sem.


Certo dia, Paulo foi ferroado e simplesmente nada lhe ocorreu. Dias depois, foi novamente picado e descobriu que não sofria mais com a alergia.

"É como se meu corpo tivesse criado uma defesa e não senti mais nada desde então. Parece um milagre, agradeço muito a Deus"

Paulo Arrabal

As adversidades sempre fizeram parte do cotidiano do casal nesse trabalho, mas a experiência prática diária fez com que hoje tenham conhecimento suficiente para lidar com os desafios. 


"Enfrentamos muitas dificuldades, mas conseguimos contornar. Dependemos das floradas, das condições climáticas. Às vezes os ferrões atravessam o nylon dos trajes de apicultura e nem dá para sair correndo”, relata Rita. 


Ao todo, os Arrabal possuem três pontos comerciais para a produção de mel. Além do sítio em Mongaguá, eles vendem seus produtos em Praia Grande e Peruíbe, Se engana quem pensa que eles param por aí. Eles iniciaram o plantio de cacau e o resultado tem sido positivo.

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Divulgação/Mel e Cacau - Vale das Águas
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Além do mel e produtos à base dele, casal iniciou os trabalhos com o cacau

 

“A parte mais bacana é a flexibilidade do negócio. No inverno, as abelhas não produzem como no verão, porém, com o cacau não tem tempo ruim”, conta o apicultor.


Rita, por sua vez, já foi perguntada mais de uma vez se estava arrependida por ter largado a profissão de jornalista. 

“Se não tivesse me formado, não conseguiria realizar os métodos da comunicação na divulgação e venda do produto e na criação de ideias e planejamento de estratégias de negócios”

Rita Arrabal

PRODUTOS E EXPOSIÇÕES​

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Os cosméticos, hidratantes, própolis, cremes, pães, bolos e demais produtos à base de mel proveniente de abelhas africanas e europeias é comercializado pelo casal em feiras, além do atendimento por delivery.


Às quartas-feiras, das 8 às 13 horas, eles expõem seus produtos no Boulevard do Itararé, em frente à rua Onze de Junho, em São Vicente. Na quinta-feira, pelo menos uma vez por mês, o casal coloca suas mercadorias à venda no Meliponário do bairro Vila Tupi, em Praia Grande. Às sextas, eles vão para o Parque Cultural Vila de São Vicente, das 9h às 13h. Na segunda e terça-feira, o casal permanece no sítio, despachando encomendas, prestando consultorias e contatando novos clientes.


Rita se sente gratificada por produzir mel porque acredita nos benefícios que ele traz à saúde das pessoas, especialmente no fortalecimento do sistema imunológico. 

 

Casal Arrabal conta como a paixão pelas abelhas se tornou um negócio da família em toda a Baixada Santista.
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