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“Vimos muitas pessoas nos aeroportos, sem dinheiro, sem comida e sem hospedagem"

Atualizado: 30 de abr. de 2020

A coordenadora de exportação Denise Tanan fazia a viagem dos sonhos quando as medidas restritivas se alastraram pela Europa. No dia do seu embarque, o covid-19 parecia uma ameaça distante, mas Portugal já contava 119 casos confirmados. Por pouco não ficou retida em Lisboa. Hoje a moradora do bairro Vila Belmiro, suspira aliviada e só sonha com o momento de abraçar de novo os amigos



“Sempre sonhei conhecer Portugal, especialmente a Ilha da Madeira, Porto e Lisboa. Este ano, enfim, tudo acabou conspirando a favor. Tinha um período vencido de férias, as amigas também estavam disponíveis e uma reserva de euros para passear e beber bons vinhos.


No dia 14 de março aterrissamos em Lisboa maravilhadas com tantas descobertas que faríamos nos dias seguintes. De fato foram intensos e inesquecíveis. Conheci um pouco mais da cultura, fiquei admirada com a arquitetura, a deliciosa culinária e os pontos turísticos. O retorno estava programado para o dia 28 do mesmo mês, daria tempo de ver ainda muita coisa.


No terceiro dia de viagem, porém, deparei com as primeiras notícias de lá sobre o coronavírus. Começamos a perceber que já havia pouca gente pelas ruas, só supermercados e farmácias estavam funcionando e o transporte público tinha tarifa livre, pois eles não queriam que ninguém ficasse na rua. Na Europa é completamente diferente do Brasil, as pessoas não se aproximam de você de jeito nenhum, evitam o máximo.


O nosso desespero começou quando a imprensa de lá informou o fechamento da fronteira com Marrocos, em Casablanca – cidade onde a maioria do nosso grupo tinha escala de voo para retorno ao Brasil.


Foi aí que começamos a procurar ajuda. Primeiro tentamos o consulado do Brasil em Lisboa e tentamos também acionar conhecidos no Brasil para chegar ao Itamaraty. Por fim falamos com o presidente do Conselho do Brasil em Portugal. Pediram para a gente preencher alguns formulários da ANAC e do Itamaraty, mas ninguém dava um retorno.

Apreensivas com a falta de resposta, resolvemos fazer “barulho” e pedir ajuda para a mídia brasileira, com o suporte de alguns jornalistas e pessoas de contato do nosso grupo.

Pelo WhatsApp descobrimos que alguns brasileiros estavam embarcando em voos da CVC. Imediatamente decidimos arrumar as malas e ficar de plantão no aeroporto. Foi a nossa sorte. Oramos tanto a caminho do aeroporto, que Deus acabou nos abençoando. Com a ajuda de um funcionário da CVC conseguimos um voo de graça e embarcamos ao Brasil, mas não para o destino que seria na cidade de São Paulo. Desembarcamos no dia 24 de março às 23 horas, na cidade de Recife.


Chegar em solo brasileiro parecia um alívio. Mas logo estávamos diante de novas dificuldades. Não havia voo para São Paulo, pois àquela altura, já estavam cancelando todos, apenas os passageiros remanejados que tiveram seus voos suspensos conseguiam embarcar. Tentando em várias frentes, conseguimos um voo 24 horas depois do desembarque, pela Azul, com destino ao Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Cada uma de nós desembolsou o equivalente a 7 vezes a tarifa normal para garantir um assento. De Campinas para Santos, resolvemos alugar uma van.


Na Baixada Santista, eu e minhas amigas de viagem, entramos imediatamente em quarentena, em um apartamento alugado em São Vicente, seguindo o regulamento da OMS de ficarmos afastadas das pessoas.

Só seguiram para casa aquelas que moram sozinhas. Foi muito duro depois de tanto nervosismo, ficar longe de casa, não poder abraçar e beijar quem a gente ama.


Hoje, analisando toda a situação, só de pensar que poderíamos não ter conseguido dá até um “pavor”, pois vimos muitas pessoas nos aeroportos, sem dinheiro, comida e hospedagem.


Graças a Deus a gente conseguiu sair antes da hospedagem terminar. Caso a gente tivesse ficado lá, não sei o que poderia acontecer, pois as pessoas ali não tinham apoio de ninguém.


Já estou de volta à minha casa, com a minha família, após os 15 dias de quarentena. Estou fazendo “home office” e tentando levar a vida enquanto não sabemos qual será o futuro, mas só de estar com a minha filha e meu marido já foi um completo alívio.”



 

Por Andrey Rodrigues da Silva || Sabrina Louise dos Santos || Thais Nunes Tanan


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Revista Viral -  Especial Quarentena

Revista Laboratorial do 4º ano de Jornalismo da Universidade Santa Cecília, na disciplina de Laboratório de Produções Jornalísticas (Revista). Esta edição conta com produção dos alunos das disciplinas de Radiojornalismo, Informática Aplicada, Oficina de Jornalismo e Representação Eletrônica (Produção Multimídia). 

Professores responsáveis: Helder Marques, Nara Assunção e Raquel Alves

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