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  • Foto do escritorMaria Vitória Ferreira de Souza

CULTIVANDO SONHOS

O amor de dona Vilma pela Horta Bons Frutos


Determinada, trabalhadora e proativa. Esses são apenas alguns dos adjetivos que descrevem a personalidade de Vilma Lúcia Novetti Barros, 68, responsável pela horta comunitária Bons Frutos, no Jardim São Manoel, na Zona Noroeste.


colocar desciçãoDona Vilma, a "mãe da horta", cuida de todos os detalhes com muito carinho
Dona Vilma, a "mãe da horta", cuida de todos os detalhes com muito carinho

Ela nasceu em Tatuí, interior de São Paulo, passou por Itapetininga e Cubatão, mas escolheu fincar raízes em Santos, cidade onde mora há 49 anos. Dona Vilma, como é conhecida, foi uma das idealizadoras do projeto da horta comunitária e abraça a causa com muito carinho até hoje.


"Tudo começou em 2014, com o “Guerreiros Sem Armas”, do Instituto Elos. Era um sonho da população uma horta. Batalhamos por um terreno, conseguimos autorização da CPFL, e ‘tamo’ aqui”.


Casada há 48 anos, Vilma tem uma família grande: são cinco filhos, seis netos e um bisneto. Para ela, a horta significa mais do que apenas um trabalho, é sinônimo de qualidade de vida e liberdade.


Minha vida mudou em tudo… eu estava cheia de problemas pessoais e ficava em casa, sem perspectiva de nada. Com a horta, minha vida pessoal melhorou e a profissional mais ainda. Converso com várias pessoas, tenho projetos, recebo voluntários…. É maravilhoso trabalhar desse jeito!”

Dona Vilma é a primeira a chegar ao local. Ela abre a horta por volta das 8h30, liga os equipamentos, separa as sementes e organiza a programação do dia, tudo para receber os voluntários da melhor forma. Sempre muito engajada e participativa, não tem medo de colocar a mão na massa e, apesar da sua idade mais avançada, em relação à maioria dos voluntários, Vilma planta, colhe, e auxilia quem precisar, com aquele jeito “mãezona” de ser.


A expressão de felicidade toma conta de seu rosto ao ver a quantidade de pessoas ajudando a cuidar das plantas e vegetais, durante o mutirão que acontece uma vez ao mês, sempre no último sábado.


Apesar de atualmente contar com uma turma engajada, dona Vilma lembra que nem sempre foi assim. O projeto começou com vários voluntários, que infelizmente foram saindo com o tempo, principalmente pela correria do dia a dia.


“Quando começamos eram mais de 30 colaboradores, mas eles foram indo embora, embora, embora... Se casaram, mudaram de cidade, adoeceram.... Talvez não fosse o intuito deles. Às vezes, eles achavam que o propósito da horta era dar dinheiro e não é essa a finalidade. O que queremos é oferecer uma alternativa de alimentação saudável, trazer escolas para visitar... . Quando a gente cobrava as visitas para as escolas particulares, o dinheiro que era arrecadado, comprava-se as coisas para a horta, ou dava alguma coisa para quem estava aqui... porque qualquer coisa ajuda, né, um gás, um pão... Mas não é o caso da horta dar dinheiro para sobreviver, não tem como”.




Ela explica que projetos como o Banco de Alimentos (BA-AU), coordenado por Renato Prado, que começou em março deste ano, são as “injeções de ânimo” para fazê-la continuar com este trabalho: “É bom, porque eu estava meio parada, teve a pandemia... Mas, graças a Deus, ‘tá’ em pé a horta, por força mesmo das pessoas que estão aqui. Foi difícil, mas conseguimos nos manter, ficar de pé, e graças a Deus o Projeto Banco de Alimentos, e o André Leandro, que é do Óleo Noel, se juntou a nós, porque senão… eu não aguentava”.


Para conciliar os afazeres domésticos e sua paixão pela horta, dona Vilma conta que vai levando as coisas devagar, e fazendo o que é possível no momento, para não entrar em crise: “Eu tenho que ir ao médico, fazer compras, pagar conta… Quando não tem ninguém pra ficar na horta eu fecho. Às vezes me chateio, a família é grande, tem muita coisa pra fazer…”.


Dona Vilma identifica o período de pandemia como um dos mais difíceis durante toda a existência da horta, pois ela atuava sozinha, já que não havia voluntários para auxiliar na manutenção do local, por medo de contrair o vírus. Ainda assim, seu amor pelo cultivo a fez seguir cuidando das terras de pouquinho em pouquinho, para que esse sonho de anos continuasse sendo uma realidade.



Com muito carinho e gratidão, ela conta dos projetos que foram feitos por lá: “Aqui também tem a energia solar, foi o Rotary Club Boqueirão que doou. Essa casinha, esse banheiro, a energia solar... essas melhorias foram feitas por meio do Instituto Elos, que começou o projeto, que é bancado pelo Rotary até hoje”.


A horta também conta com um sistema de irrigação automático, que foi desenvolvido pelos alunos do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Santa Cecília (Unisanta), mas que atualmente está sendo utilizado apenas manualmente, por conta de um defeito no sistema. Ela aproveita para fazer um apelo:


“Todo mundo que vem nos ajudar é muito bom. Mas é preciso que voltem”

A “mãe da horta” espera agora pela aprovação de uma emenda, apresentada por um vereador da cidade, que permitirá à horta receber auxílio da Prefeitura na manutenção de algumas coisas, como a estufa, a sementeira e as prateleiras, que ficaram apodrecidas pela ação do tempo.


Dona Vilma, mulher trabalhadora, é apaixonada pelo que faz, serve de exemplo de que, com amor, persistência e força de vontade, é possível realizar um sonho pelo bem-estar para a comunidade.


Para saber mais sobre a Horta Bons Frutos, acesse a matéria "Quem planta, colhe"


 

Texto: Maria Vitória Ferreira

Pesquisa: Eduarda Antunes

Edição: Ágata Ferreira Foto: Ágata Ferreira, Nicolly Placida


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